E se, de repente, o seu cão que está sempre cheio de energia que sempre correu ao seu encontro com o rabo abanando, agora passasse a hesitar até para se levantar do chão. Esse tipo de mudança de comportamento costuma ser interpretado apenas como “idade chegando”, mas pode esconder algo mais profundo: a artrite. Esse processo inflamatório nas articulações é silencioso no início, mas progressivamente doloroso e limitante. Entender a artrite em cães é essencial para garantir mais qualidade de vida, bem-estar e conforto, especialmente na velhice.
Neste artigo, vamos explicar de forma clara e didática tudo o que você precisa saber sobre esse problema tão comum: desde o que é a artrite e como ela surge até como o Neem, um fitoterápico milenar e natural, pode ser um aliado importante no tratamento e controle da dor.
O que é artrite em cães?
A artrite é uma inflamação articular que afeta cães de diferentes raças, tamanhos e idades, embora seja mais comum em animais mais velhos. Essa inflamação pode acometer uma ou várias articulações e compromete tecidos importantes como a cartilagem, os ligamentos e a cápsula articular. Com o tempo, a dor e a rigidez limitam a mobilidade do cão, fazendo com que ele se movimente menos e até evite atividades simples, como subir em um sofá ou caminhar por distâncias curtas.
Do ponto de vista médico, estamos falando de um quadro crônico que, embora não tenha cura, pode ser tratado e controlado com sucesso. A inflamação constante leva ao desgaste da cartilagem, que é o tecido que reveste e protege as articulações, provocando dor e perda de mobilidade.
Além disso, é importante entender que a artrite pode surgir como resultado de outros fatores, como doenças autoimunes, infecções, sobrecarga mecânica por obesidade, ou mesmo processos degenerativos naturais do envelhecimento.
Como os cães desenvolvem artrite?
A origem da artrite em cães pode ser multifatorial, e compreender esse processo é essencial para identificar precocemente os riscos. Com o avanço da idade, o desgaste natural das articulações favorece o surgimento de microfissuras e inflamações constantes. Esse processo é acelerado quando o animal sofre de sobrepeso, tem predisposição genética, sofreu traumas anteriores ou vive com pouca atividade física.
Entre as causas mais comuns estão:
- Lesões articulares não tratadas adequadamente na juventude, como rupturas de ligamentos ou luxações.
- Processos autoimunes, como a artrite imunomediada, em que o organismo do cão ataca suas próprias articulações.
- Infecções bacterianas que atingem a articulação, como em casos de piobacilos transmitidos por mordidas.
- Desbalanços metabólicos e hormonais que afetam a saúde óssea e articular.
- Displasias articulares congênitas, mais frequentes em raças grandes.
O resultado final é sempre o mesmo: inflamação, dor e limitação de movimento. E quanto mais tempo essa inflamação persistir sem tratamento, maior será o dano irreversível à estrutura da articulação.
Diferença entre artrite e artrose em cães
Embora frequentemente usadas como sinônimos, artrite e artrose são condições diferentes e compreender essa distinção pode fazer toda a diferença na escolha do tratamento. A artrite é, por definição, um processo inflamatório ativo. Enquanto a artrose, também chamada de osteoartrose, é o estágio degenerativo e crônico que ocorre após sucessivos episódios de inflamação.
Na artrite, o foco está na inflamação aguda: a articulação incha, fica quente, dolorida e, em muitos casos, o cão apresenta sinais visíveis de dor ao toque. Já a artrose representa o desgaste progressivo das cartilagens que amortecem os ossos, o que leva a atrito entre as superfícies ósseas, resultando em dor contínua e rigidez.
Em outras palavras: toda artrose começou um dia como uma artrite, mas nem toda artrite evolui para artrose, especialmente quando há intervenção precoce.
Sintomas de artrite em cães: o que observar?
Os primeiros sinais costumam ser sutis e, muitas vezes, passam despercebidos pelos tutores. O cão pode levantar mais devagar pela manhã, evitar pular, caminhar com rigidez ou mancar discretamente após exercícios. Com o tempo, os sinais tornam-se mais claros.
Entre os principais sintomas de artrite em cães, destacam-se:
- Dificuldade para se levantar ou deitar
- Hesitação ao subir escadas ou entrar no carro
- Irritabilidade ao ser tocado, principalmente nas patas ou costas
- Redução do apetite e do interesse por brincadeiras
- Claudicação (manqueira) persistente
- Postura anormal e rigidez muscular
Além disso, é comum que o cão busque locais mais quentes e evite caminhar em pisos frios ou escorregadios, pois esses ambientes aumentam o desconforto articular.
Diagnóstico: como saber se o cão tem artrite?
O diagnóstico da artrite em cães envolve uma combinação de observação clínica e exames complementares. Para isso, o veterinário avaliará o histórico do animal, os sintomas relatados, fará testes de movimentação articular e poderá solicitar exames como raio X, ultrassom articular ou punção do líquido sinovial para análise laboratorial.
Radiografias são úteis para identificar alterações ósseas, como o estreitamento do espaço articular ou a presença de osteófitos (bicos de papagaio). Já os exames laboratoriais ajudam a descartar causas infecciosas ou autoimunes.
É fundamental que o diagnóstico seja feito por um profissional qualificado, pois apenas ele poderá diferenciar a artrite de outras doenças musculoesqueléticas e definir o melhor plano de tratamento.
Tratamento da artrite em cães: o que funciona?
A artrite não tem cura, mas com o tratamento adequado é possível controlar os sintomas, reduzir a dor e desacelerar a progressão da doença. O plano terapêutico é geralmente multidisciplinar e pode envolver medicamentos, mudanças no estilo de vida e terapias complementares.
Entre os recursos mais utilizados estão os anti-inflamatórios, condroprotetores (como glucosamina e condroitina), analgésicos, fisioterapia, acupuntura e, cada vez mais, o uso de fitoterápicos naturais, como o pó de Neem.
Além disso, a perda de peso, quando necessária, é fundamental. O controle da alimentação e o uso de rações específicas para suporte articular também são aliados importantes.
Para muitos tutores, a combinação entre terapias convencionais e naturais tem mostrado excelentes resultados, principalmente para cães idosos que precisam de cuidados contínuos e seguros.
Como o Neem pode ajudar cães com artrite?
O Neem (Azadirachta indica) é uma planta reconhecida há séculos por suas propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, antimicrobianas e imunomoduladoras. Na medicina ayurvédica, o Neem é utilizado para tratar condições inflamatórias crônicas e dores articulares — e esse uso vem ganhando espaço na medicina veterinária.
Estudos apontam que os compostos bioativos do Neem, como a nimbidina e a quercetina, atuam na regulação do sistema imune e na inibição de mediadores inflamatórios, como as prostaglandinas. Um artigo publicado no Journal of Ethnopharmacology (Subapriya & Nagini, 2005) demonstrou que o extrato de Neem reduziu significativamente processos inflamatórios em modelos animais.
No contexto da artrite em cães idosos, o Neem pode ser um recurso valioso para aliviar a dor, reduzir a rigidez matinal e melhorar a qualidade de vida do animal, especialmente quando o uso contínuo de anti-inflamatórios convencionais traz riscos hepáticos ou gástricos.
Manejo diário: como adaptar o ambiente para o cão com artrite?
Além do tratamento, o dia a dia do cão com artrite precisa de adaptações que facilitem sua mobilidade e reduzam a dor. O uso de caminhas ortopédicas, rampas de acesso, pisos antiderrapantes e tapetes térmicos são medidas simples, mas que fazem diferença. Ademais, manter a rotina de exercícios leves e a socialização também é importante para preservar a saúde mental e evitar a progressão da rigidez.
Por fim, evitar o sedentarismo, garantir um espaço seguro e confortável e oferecer alimentos funcionais ou suplementos naturais é parte fundamental do cuidado com um cão que convive com artrite.
A artrite em cães é uma condição séria, mas manejável. Portanto, o mais importante é reconhecer os sinais precocemente, buscar um diagnóstico preciso e iniciar um plano de cuidado personalizado. Isso porque cada cão responde de forma diferente ao tratamento, e o segredo está no equilíbrio entre o uso de medicamentos, cuidados ambientais e terapias naturais.
O Neem tem se mostrado uma opção promissora e segura para auxiliar no controle da dor e da inflamação. Sua eficácia, já comprovada em diversos estudos científicos, oferece uma alternativa mais leve e menos agressiva ao organismo, especialmente para cães idosos.
Na dúvida, observe seu pet com atenção. Se ele está mais quieto, relutante para se mover ou evita ser tocado, talvez ele esteja pedindo socorro e você, agora, sabe exatamente o que fazer.
Fontes:
- Subapriya, R., & Nagini, S. (2005). Medicinal properties of neem leaves: a review. Journal of Ethnopharmacology, 5(2), 149-156.
- Yamaguchi, M. et al. (2016). Anti-inflammatory action of Azadirachta indica on chronic arthritis in rats. Pharmacognosy Reviews, 10(20), 111–115.
- American College of Veterinary Surgeons (ACVS). Osteoarthritis in dogs.
- Veterinary Surgery Journal. Osteoarthritis in dogs: diagnosis and multimodal treatment. 2018.

